Outro assisti um vídeo onde a Sabrina Sato contava no programa "Saia Justa" da GNT que não fazia sexo depois que sua filha havia nascido e como ela e seu companheiro sofriam com as críticas.
No vídeo Sabrina frisa que seu companheiro a entende, e que inclusive por isso ele recebe muitas críticas.
Quem toparia se casar com a Sabrina Sato se não fosse para ter o corpo dela a disposição, não é mesmo? como ele pode entender uma coisa dessas?
Pode parecer ridículo, mas é preciso as vezes que alguém com fama como a Sabrina Sato fale o óbvio para que as pessoas se ponham a pensar sobre esse momento de pausa, de suspensão que é o pós parto e que deveria ser para toda a família, diga-se de passagem.
A realidade é que muitas vezes nem mesmo antes do bebê o sexo com o parceiro era algo excelente, muitas vezes não é um momento de escuta, prazer e cuidado, e sim uma coisa burocrática, como se fosse a parte da mulher no acordo.
Quando chega uma vida nova, toda a responsabilidade, tudo novo, você se vê mãe e percebe o tamanho real da bucha que vai enfrentar, nessa hora você percebe que fazer aquela média com o cara não é o mais importante, que não é mais sua prioridade realizar qualquer coisa que vá gastar sua energia ainda mais, que não vale a pena aturar alguns minutos de um ato dispensável se você pode dormir, se alimentar, se banhar, amamentar, arrumar a casa, qualquer outra coisa que vá contribuir para a manutenção da vida da sua cria e da sua. Se a mulher puder escolher ela não faz.
Caso o sexo seja bom, caso a relação seja algo que preenche e dá energia, caso essa mulher goze e se sinta muito querida e valorizada em cada detalhe nesse processo ela vai sentir falta, vai querer estar junto, vai precisar do colo, do toque, mas agora a vida é outra, o corpo é outro, o tempo corre diferente e isso vai se dar de uma maneira diferente. Qualquer pessoa que esteja acompanhando esse processo intensamente e verdadeiramente consegue perceber que o interesse ali não é qualquer coisa se não a manutenção da vida.
Se o sexo era bom antes vai ser bom depois, e vai saber que precisa passar por respeito, escuta, acolhimento, lágrimas as vezes, traumas de um parto, de uma gravidez, de uma sociedade, de uma vida inteira. Vai saber perguntar, calar, tocar, vai dar espaço para o reconhecimento desse corpo pela própria mulher, fazê-la se sentir segura e na hora certa, que não tem data para acontecer, vai ser o melhor sexo que esse novo casal vai fazer.
O mundo nos ensina que a mulher não gosta tanto de sexo quanto o homem, não sente tanto prazer, não sente falta de toque e não se conhece. Faz a gente acreditar que quem tem poder de fazê-la gozar é o homem e que se ele não consegue é porque ela tem algum problema. Faz a gente fingir, faz a gente acreditar que um sexo meia boca basta, mas quando chega o pós parto, meus amores, não sobra pedra sobre pedra, se não for o ninho de acolhida e prazer genuíno o sexo padece.
O corpausa é uma figura linda que uma poeta querida criou e que eu penso ser uma bela maneira de pensar o pós parto e o puerpério. Tudo agora em pausa para fazer cada um entender seu lugar. O bebê nasce e quer entender, viver, se localizar, a mãe se faz, se percebe e tenta recolher o que tem de vida para se refazer, quem acompanha a jornada se doa e assiste privilegiado (a) ao começo da vida, esse momento é uma grande oportunidade para construir, para descobrir, é uma pausa do tempo do mundo. O homem que é pausa junto nesse processo também não tem tempo e vontades como antes, também busca seu lugar e coopera.
Esse corpo que pausa, que pousa na cama que se pôde arrumar até ali e que acontece numa intensidade irremediável precisa ser celebração. O sexo precisa ser gerador de energia e não ralo de energia. Se o homem que acompanha esse processo é minimamente sensível a tudo isso vai saber ser pausa também.
CORPAUSA
entre a luz e a escuridão,
um corpausa.
entre o feminino e o masculino,
um corpausa.
entre a saúde e a doença,
um corpausa.
entre o silêncio e o grito,
um corpausa.
entre a respiração e a ansiedade,
um corpausa.
entre a solitude e a solidão,
um corpausa.
entre a mulher e a mãe,
um corpausa.
entre o vazio e o cheio,
um corpausa.
entre o ir e o vir,
um corpausa.
entre as quedas e os voos,
um corpausa.
entre a dança e a música,
um corpausa.
entre o choro e o sorriso,
um corpausa.
entre o caos e a calmaria,
um corpausa.
entre o pulso e o pulsar,
um corpausa.
entre a escrita e a fala,
um corpausa.
entre o medo e a coragem,
um corpausa.
entre as pedras e as nuvens,
um corpausa.
entre os acertos e os erros,
um corpausa.
entre o chão e o arranha-céu
um corpausa.
entre o corpo e a pausa
eu,
tu,
ele,
ela,
eles,
elas,
vós,
nós. autora do poema: jocarla
um corpausa.
entre o feminino e o masculino,
um corpausa.
entre a saúde e a doença,
um corpausa.
entre o silêncio e o grito,
um corpausa.
entre a respiração e a ansiedade,
um corpausa.
entre a solitude e a solidão,
um corpausa.
entre a mulher e a mãe,
um corpausa.
entre o vazio e o cheio,
um corpausa.
entre o ir e o vir,
um corpausa.
entre as quedas e os voos,
um corpausa.
entre a dança e a música,
um corpausa.
entre o choro e o sorriso,
um corpausa.
entre o caos e a calmaria,
um corpausa.
entre o pulso e o pulsar,
um corpausa.
entre a escrita e a fala,
um corpausa.
entre o medo e a coragem,
um corpausa.
entre as pedras e as nuvens,
um corpausa.
entre os acertos e os erros,
um corpausa.
entre o chão e o arranha-céu
um corpausa.
entre o corpo e a pausa
eu,
tu,
ele,
ela,
eles,
elas,
vós,
nós. autora do poema: jocarla
Comentários
Postar um comentário