Lume no breu

Depois que a vida passou sobrou só pedra sobre pedra Uma parede O contorno exato do meu corpo Já tirou leite de pedra? Dói. Pedra de rio é bonita e confortável Precisa de muita água pra moldar Vou abrindo espaço pras raízes Grito no tempo da terra O calor úmido me encontra Profundo Denso O território do meu bairro é composto de solo pedregoso Talvez venha daí o pertencimento Desperdício enfeitar aquário Eu quero as montanhas Nem que seja pra dormir numa avalanche

Eu amo um pombo Com coração acelerado Com uma unha prestes cair Com pena Amo um pombo De asa meio quebrada Que canta desafinado Da cor dessa cidade Não sabe ser fênix Não  quer renascer Tem vocação para resistência Fatos curiosos sobre pombos: Ninguém guarda pombo em gaiola Eles podem viver de migalhas A cor de sua pena é linda sob a luz do Sol A liberdade os guarda Sabem valorizar banquetes Seguem inspirando poetas sentados nos fios de alta tensão