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Marfim

Um cigarro molhado contava como estavam as coisas,
nada muito certo, só um monte de suposições,
lembrava da tela cheia de notícias,
na perna sentia as carícias da chuva e das gotas de sal.

Já sucumbira a quase todos os vícios, 
carne, tabaco, açúcar, mentiras, solidão.
Pensou em pousar em hospícios,
Na maré cheia de ingratidão.

Juntou uns versos, umas tintas e umas dores,
pensou em todos seus amores,
criou uma coroa de flores para enfeitar o seu fim.

Não ia mais viver aquilo,
não tinha mais sentido isso,
ia ser de outro jeito 
já não cabia ser assim.

Se jogou no verso e na prosa,
cheirou aquela antiga rosa,
dançou, pintou, ditou sedosa,
na arte renasceu Marfim.


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