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Amor materno a primeira vista

Eu não amei minha filha assim que a vi. Tinha acabado de passar por horas de trabalho de parto e sabia que aquilo não era nem o começo. Eu estava aliviada, eu estava com medo, eu estava curiosa, mas não sentia amor. E por que haveria de amar? Eu quando vejo uma planta na rua não amo. Admiro a beleza, celebro a vida, mas não amo. O amor se constrói, se revela nas coisas vividas. Assim como quem passa a amar seu jardim conforme as flores brotam, eu descubro todo dia uma cor nova nessa aventura que é viver ao lado da Serena. Eu amo muito ela hoje, amo muito mais que ontem, certamente amarei muito mais amanhã. Ela mudou minha vida e me deu uma porção de coisas valiosas, eu sinto saudade, eu acho graça, me surpreendo, tenho coragem e fé. Tudo isso que não veio no primeiro olhar, que vem se construindo no tempo da nossa relação honesta e profundamente. Não seria razoável me culpar por isso.
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Sexo pós parto no relacionamento e o corpausa

Outro assisti um vídeo onde a Sabrina Sato contava no programa "Saia Justa" da GNT que não fazia sexo depois que sua filha havia nascido e como ela e seu companheiro sofriam com as críticas. No vídeo Sabrina frisa que seu companheiro a entende, e que inclusive por isso ele recebe muitas críticas. Quem toparia se casar com a Sabrina Sato se não fosse para ter o corpo dela a disposição, não é mesmo? como ele pode entender uma coisa dessas? Pode parecer ridículo, mas é preciso as vezes que alguém com fama como a Sabrina Sato fale o óbvio para que as pessoas se ponham a pensar sobre esse momento de pausa, de suspensão que é o pós parto e que deveria ser para toda a família, diga-se de passagem. A realidade é que muitas vezes nem mesmo antes do bebê o sexo com o parceiro era algo excelente, muitas vezes não é um momento de escuta, prazer e cuidado, e sim uma coisa burocrática, como se fosse a parte da mulher no acordo.  Quando chega uma vida nova, toda a responsabil

Sobre um tornado

Com o garfo a centímetros da boca, a primeira garfada foi levada num sopro. O vento forte não deixava os grãos de arroz, feijão e pedaços de legumes parados no talher. Olhou para baixo e o prato ja quase vazio dançava, ia lentamente se movendo para a esquerda e a maior parte da comida ja havia voado. Quando o tornado chegou ainda estava com fome. Não houve tempo para saciar nada. Uma porção de vazios amontoados e uma promessa que ocupava todo o espaço. A gente costuma pensar na loucura que é girar pelos ares sem controle e nem pensa que as vezes a criatura já estava com fome e sem energia para se segurar.

Cor de caixa

Ser Essa mistura de carnes Nó de linhagens de pais e mães que não se amavam Ser a esquina parda Ser a própria encruzilhada Bifurcação maldita Conquista Colonial Ser eu mesma o mapa das Américas Ter nas veias a lama para soterrar histórias, apagar trilhas de pão e os caminhos por dentro do mato, por dentro dos mares. Castanha de pecado me deito e clareio minha estrada com a cor de bandeirantes Puta Mesmo fora do respeito O peito ainda luta.

Bússolas, tornados e vazamentos.

Segundo as normas de etiqueta para onde se deve olhar quando um seio começar a vazar? Qual o jeito certo de se fazer barulho ou se pedir silêncio? É justo pedir a uma vaca que foi arrastada por um tornado que ame o tornado? Não é justo que ela queira descer? Quem não conhece o caminho não deve escrever placas, nem mapas Eu seguro forte a bússola entre os meus seios todas as noites e os movimentos da agulha me assustam Eu não sabia muito sobre silêncio, tornados ou mapas Ao que parece não é preciso pré-requisitos Nem vontade Nem coragem Nem rumo.

Sobre ruínas

Depois que a vida passou sobrou só pedra sobre pedra Uma parede O contorno exato do meu corpo Já tirou leite de pedra? Dói. Pedra de rio é bonita e confortável Precisa de muita água pra moldar Vou abrindo espaço pras raízes Grito no tempo da terra O calor úmido me encontra Profundo Denso O território do meu bairro é composto de solo pedregoso Talvez venha daí o pertencimento Desperdício enfeitar aquário Eu quero as montanhas Nem que seja pra dormir numa avalanche

Sobre um pombo

Eu amo um pombo Com coração acelerado Com uma unha prestes cair Com pena Amo um pombo De asa meio quebrada Que canta desafinado Da cor dessa cidade Não sabe ser fênix Não  quer renascer Tem vocação para resistência Fatos curiosos sobre pombos: Ninguém guarda pombo em gaiola Eles podem viver de migalhas A cor de sua pena é linda sob a luz do Sol A liberdade os guarda Sabem valorizar banquetes Seguem inspirando poetas sentados nos fios de alta tensão