Eu não amei minha filha assim que a vi. Tinha acabado de passar por horas de trabalho de parto e sabia que aquilo não era nem o começo. Eu estava aliviada, eu estava com medo, eu estava curiosa, mas não sentia amor. E por que haveria de amar? Eu quando vejo uma planta na rua não amo. Admiro a beleza, celebro a vida, mas não amo. O amor se constrói, se revela nas coisas vividas. Assim como quem passa a amar seu jardim conforme as flores brotam, eu descubro todo dia uma cor nova nessa aventura que é viver ao lado da Serena. Eu amo muito ela hoje, amo muito mais que ontem, certamente amarei muito mais amanhã. Ela mudou minha vida e me deu uma porção de coisas valiosas, eu sinto saudade, eu acho graça, me surpreendo, tenho coragem e fé. Tudo isso que não veio no primeiro olhar, que vem se construindo no tempo da nossa relação honesta e profundamente. Não seria razoável me culpar por isso.
Comentários
Postar um comentário